Keith Green tinha interesse em ganhar vidas para Jesus Cristo, em vez de sucesso |
Luís Alberto Alves
Keith Green viveu 29 anos, mas neste curto
espaço de tempo deixou grandes lembranças na Gospel Music dos Estados Unidos.
Além de cantar, escrevia, interpretava e tocava piano, guitarra, contrabaixo e
percussão. Ele entrou no mundo da música ainda criança, com três anos de idade
já mexia com Ukulele (instrumento igual violão, mas com quatro cordas).
Aos
cinco passou para a guitarra e dois anos depois começou estudar piano. O
talento precoce virou notícia nos programas jornalísticos dos Estados Unidos,
como Arthur Laurents e Los Angeles Times. Em fevereiro de 1965, aos 12 anos,
tinha composto 40 canções originais. Entrou na Decca Records, na época uma das
maiores gravadoras do mundo, depois adquirida pela Polygram. Seus colegas de
casa eram Louis Armstrong, Elvis Presley, Rolling Stone e George Harrison.
O
projeto da gravadora era transformar Green num ídolo teen. Mas a fama não
conseguiu colar nele, por causa do surgimento de Donny Osmond, jovem cantor que
virou febre entre os adolescentes. Logo Green caiu no anonimato.
Judeu, ele cresceu lendo o Novo
Testamento. Confundido entre sua religião e os mandamentos cristãos de Jesus,
mergulhou nas drogas e no misticismo oriental. Sem respostas para as dúvidas
passou a estudar Filosofia e Teologia. Virou seguidor de Cristo, logo sua
esposa também aceitou o cristianismo.
Em 1975 o casal começou um
programa de evangelização na periferia de Los Angeles, Califórnia e Vale de San
Fernando. Logo a casa deles encheu de prostitutas, drogados e sem-tetos. Todos
recebiam cuidados e a Palavra de Deus.
A comunidade cresceu rápido, com
várias conversões e batismos. Compraram outra casa e alugaram mais cinco no
mesmo bairro. Influenciado pelo pregador Leornard Ravenhill, durante suas
apresentações exortava os ouvintes a se arrepender e seguir Jesus Cristo. Em 1976
lançou o álbum Firewind, com os adoradores Terry Talbot, John Talbot e Barry
McGuire. Depois veio For Him Who Has Ears to Hear, de 1977, e chegou ao topo
nas rádios de programação evangélica dos Estados Unidos. O ano de 1978 marcou a
chegada do disco No Compromise.
Em 1979 encerrou o contrato com a
produtora Sparrow e ouvindo Deus não cobrou mais dinheiro por suas
apresentações, lançando a política do “pague o que puder”. Keith e a esposa
hipotecaram a casa para financiar o próximo álbum , So You Wanna Go Back To
Egypt, incluindo a participação de Bob Dylan, quando vivia uma fase cristã.
O disco foi oferecido pelos
Correios e nos shows a pessoa pagava o que podia. Em maio de 1982 ele enviou
200 mil cópias. Dessas, 61 mil não recebeu nada, foram todos gratuitos. Repetiu
a experiência com os discos Keith Green Collection (1981) e Songs For The
Shepherd (1982). Quando enviava o material para livrarias evangélicas, uma
segunda fita cassete era grátis para servir de evangelização e difundir a
Palavra de Deus.
Posteriormente a política do
"pague o que puder" foi estendida a todos os seus outros álbuns e
materiais produzidos pelo seu ministério. Antes, em 1978, Green criou o Last
Days Ministries e passou a publicar o jornalzinho Last Days Newsletter, com
poucas páginas, até virar uma revista em cores, que ganhou o nome de Last Days
Magazine no começo de 1985.
A publicação trazia matérias dele
e sua esposa, como de grandes homens de fé, a exemplo dos pastores David
Wilkerson, Leonard Ravenhill e Winkie Pratney, todos afinados na mesma visão.
Mais tarde a revista incluiu textos de cristãos clássicos como Charles Finney,
John Wesley, William Booth e sua esposa Catherine. A maioria dos artigos foi
reimpressa como folhetos em 50 idiomas diferentes. No auge, a Last Day Magazine
circulou com mais de 16 milhões de exemplares.
Em 1979 o ministério mudou para o
bairro Vale de San Fernando, na periferia de Los Angeles, num rancho de 160 mil
metros quadrados. Infelizmente em 28 de julho de 1982, Green e mais 11 cristãos
morreram num acidente aéreo quando voavam fazendo um passeio na região da
propriedade. No desastres perderam a vida dois de seus filhos, Josiah e
Bethany.
Ao contrário da postura de vários
artistas evangélicos atuais, tanto brasileiros quanto norte-americanos, Green
não era artista por profissão. Não era apegado ao dinheiro. Também não se
comportava como pop star. Procurava ficar próximo do público e ganhar vidas
para Jesus Cristo.
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